domingo, 1 de janeiro de 2012

A "imbecilização" da sociedade - PARTE XII: O machismo e o aprisionamento da mulher


Well I feel lying and waiting
Is a poor man's deal
(A poor man's deal)
And I feel hopelessly weighed down
By your eyes of steel
(Your eyes of steel)
Well, it's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
Woman in Chains
Woman in Chains
(Tears for Fears - Woman in Chains - Composição:Roland Orzabal)

Já comentei em inúmeros momentos por aqui que a mulher é o ser mais belo e próximo da perfeição que já criaram. Acredito muito naquela tese de que Deus, ao criar Adão, parou e pensou que poderia fazer algo bem melhor, criando Eva. Deixando de lado a Gênese, as mulheres são, todas elas sem exceção, dotadas de uma beleza única, além de serem muito mais fortes, mais inteligentes, mais sensíveis, mais humanas, mais solidárias, tolerantes, altruístas, companheiras, fiéis, sensatas, carinhosas, amáveis, generosas, queridas, simpáticas, compreensivas...falta memória para recordar todos os adjetivos para classificar a mulher, e tantos outros ainda precisariam ser inventados.

E por que raios a mulher nunca esteve na posição que merecia na sociedade? Bem, essa é uma difícil pergunta. Com exceção de algumas poucas sociedades matriarcais que existiram séculos atrás, a mulher foi considerada um ser inferior ao homem. Os sistemas que controlaram e ainda controlam a humanidade foram concebidos nas entranhas da mente masculina. Durante muito tempo a guerra era uma das principais atividades do ser humano. Além disso, para garantir a sobrevivência da espécie através da caça, coleta ou mesmo plantio de alimentos a força corporal prevalecia, e o homem foi colocado durante todo o tempo no topo da sociedade. Ainda hoje o machismo prevalece dominante na sociedade, e as mulheres sempre foram delegadas a segundo plano. Mesmo nos livros de História, registros científicos e a própria Bíblia Sagrada há nomes notáveis de pessoas que transformaram nossa história. Praticamente TODOS do sexo masculino. O sistema parece sufocar a presença feminina, ignorando-a como se a mulher nunca tivesse agido para as coisas acontecerem no mundo. Por consequência disso, milhões de pessoas morreram nas guerras, pois a visão masculina sempre acreditou que as grandes guerras e revoluções resolviam as diferenças, tinham apenas a força física mas nunca tiveram a capacidade de ver que o diálogo é muito mais prático e inteligente. Ou seja, os fracos carregam armas, enquanto os fortes (ou melhor, AS FORTES), a palavra. Hoje temos milhares de assassinatos, mortes no trânsito e diversos outros tipos de violência, e todos causados por humanos do sexo masculino. As pesquisas não deixam mentir, as porcentagens de homens envolvidos em crimes e acidentes de trânsito sempre está muito próxima de 100%. 

Nem mesmo a História é capaz de destacar a força que o sexo feminino sempre desempenhou. Essa força é perceptível de modo sutil, como por exemplo a morte de Jesus Cristo, na qual quase todos os seus apóstolos fugiram, o mais forte deles o negou e o mais culto o traiu. Ao redor da cruz, havia portanto somente mulheres. 

O homem foi tão estúpido que considerava inválido o nascimento de uma filha, pois não seria capaz de carregar o sobrenome da família. Até hoje essa situação está presente em inúmeras culturas.

Após muitos séculos sendo amordaçadas, apedrejadas, queimadas vivas, jogadas de precipícios ou afogadas após o nascimento, tendo todas as suas qualidades sufocadas e convivendo com o anonimato, elas conseguiram um pouco mais de liberdade, resgataram quase na totalidade seus direitos, equiparando-os aos homens, ainda que tenham salários menores e convivam com o preconceito. O sexo feminino passou a brilhar no mundo acadêmico, nas empresas e em todos os tipos de território social, mostrando eficiência e ousadia na mudança de áreas vitais da sociedade. Hoje mesmo há cada vez mais Chefes de Estado e Chefes de Governo do sexo feminino. 

Porém, o sistema ainda é o machista, e por não perdoá-las por semelhante audácia, lhes preparou uma sorrateira armadilha. Em lugar de exaltar todas aquelas nobres características que elas possuem, voltou-se para a total exaltação do corpo da mulher. Criou-se um estereótipo para a mulher perfeita, a partir da boneca Barbie: alta, loira de olhos azuis, magra, nariz desenhando, cintura torneada, lábios finos. Uma mulher que nasce com essas características é uma raridade genética, uma em cada 10000 são assim. Mas não, o sistema conseguiu aprisioná-las de tal modo e fazer delas prisioneiras de si mesmas, não aceitarem a beleza única que possuem e passarem a lutar incansavelmente para chegar ao menos perto do estereótipo da Barbie. Com isso, até hoje as mulheres, em lugar de dar valor àquilo que possuem, vivem insatisfeitas consigo mesmas, precisando caber em roupas cada vez mais pequenas e mostrar cada vez mais o corpo. A moda aprisiona as mulheres ainda mais, pois cada novo lançamento tem uma roupa cada vez mais justa e desconfortável, e mesmo quando elas vão às compras os manequins e padrões de tamanho parecem ser cada vez menores, precisam aumentar a numeração de suas roupas e passam a se sentir ainda piores com isso. Pra completar, a moda exclui os que não se adaptam a ela, pois uma gordinha simplesmente não consegue roupas no seu tamanho. O fato de ela ser infeliz com o corpo faz apagar todas as belíssimas características que possuem, por mais bela, meiga, inteligente que seja. Por conta disso existem hoje no mundo em torno de 50 milhões de anoréxicas, pessoas que não tem compaixão de si mesmas a ponto de desenvolverem uma doença tão crônica a ponto de lhes tirar o instinto da fome. Infelizmente o sistema nos ensinou a julgar as pessoas tão somente por aquilo que vemos, e é como se as "superiores" fossem unicamente as que possuem o corpo mais próximo do estereótipo de mulher vigente.

E os homens, como são seres muito ignorantes e não tem inteligência suficiente para discernir tudo isso, vai se deixar levar unicamente pelo que seus olhos vêem. As roupas cada vez mais justas ativam o desejo sexual. Logo, ele vai se atrair justamente por aquelas mulheres que tem um corpo próximo ao estereótipo e que se encaixam nos padrões da moda, pois essas serão as que vão se mostrar mais. Não lhes vão interessar aquelas moças inteligentes e tímidas que odeiam seguir a moda, usam um óculos enorme e não gostam de mostrar seu corpo. Não lhe interessarão também as com alguns quilos a mais, ou então com quilos a menos e sem curvas. As que possuem um nariz adunco ou seios pequenos demais nunca lhes servirão nem para amigas. O sistema quer que o homem seja visto ao lado de uma mulher estereotipada para seu status ser maior. Todas as relações estão cada vez mais baseadas na imagem, não interessa que a mulher Barbie seja uma mala e só fale asneiras, não interessa que seja chato viver com uma pessoa assim, mas que a imagem e a reputação sejam boas, como se fossem as coisas mais valiosas que existem. 

É essa forma que o machismo consegue persistir na nossa sociedade, sufocando as mulheres dentro de si mesmas, e assim o homem parece continuar cumprindo o papel de liderança social que não lhe é merecido. Lamentavelmente as mulheres estão tão presas que muitas delas chegam até mesmo a apoiar essa sociedade patriarcal, como se tivessem como único papel serem escravas da moda, tendo que cuidar de seu corpo e de sua aparência o máximo de tempo possível, e que o homem deve se ocupar de sustentar a mulher e todos os seus gastos com cartão de crédito, deve abrir a porta do carro para ela entrar, deve alcançar as coisas quando elas caem ao chão e servir café em suas camas, apagando todo o brilho e potencial que possuem. É como se o corpo da mulher fosse a única coisa útil que elas possuíssem, como se um homem tivesse que ficar a vida toda com um corpo todo adornado e torneado, porém vazio e sem utilidades maiores do que as relações sexuais.Tudo isso só por que o sistema é assim e precisamos nos adaptar a ele.

Existe uma corrente de pensamento entre algumas mulheres que é ainda mais preocupante, chamada erroneamente de feminismo. Trata-se de não fazer os serviços domésticos, não cuidar das crianças, beber cerveja, assistir jogos de futebol, jogar sinuca nos butecos de esquina e arrotar como um homem. Em resumo, repetir todos os comportamentos chulos e idiotas que os homens fazem. Ou melhor, os estereótipos de homem. O mais incrível ainda é que essas mulheres parecem se alternar entre o feminismo e o machismo de acordo com sua conveniência. Por exemplo, quando se trata de fazer os serviços da casa ou de seguirem com a idéia machista de que, ao chegar em casa o homem deve receber os cuidados e o carinho da esposa,elas são feministas e acham que o homem deve fazê-lo por sua própria conta, mas quando se trata de elas fazerem algum tipo de serviço braçal, dirigir ou mesmo trabalhar fora, voltam-se para a idéia machista de que o homem deve fazer tudo isso, ou então não é homem. Além de se trancarem no estereótipo feminino que o sistema criou, importa um estereótipo também ao homem, que deve fazer todos os tipos de serviço, ser forte, elegante, saber beijar e outra série de fatores. Aliás, os homens também estão sendo escravos cada vez mais desse tipo de estereótipo, embora não com a mesma intensidade. Seria o padrão Johny Bravo. 

Tenho o privilégio de conhecer umas poucas mulheres simplesmente brilhantes. Elas trabalham fora, ocupando cargos de liderança em suas empresas, fazem faculdade e são donas de casa, cuidam dos filhos e ainda precisam dedicar um pouquinho de amor ao marido, que não fez durante o dia todo nem a metade. Elas estão em fase de transição, queira ou não geralmente um homem que é casado com uma mulher como essas é machista, acostumado a receber as coisas nas mãos em casa e não colaborar muito com o andamento dela. Vejo que essas mulheres tem plena consciência de seu potencial, e são guerreiras por conseguirem se dividir em tantas, mas lhes falta a visão de que o homem da casa precisa acompanhar seu ritmo da mesma forma e deve dividir alguns afazeres com ele também, de modo que nesses lares não haveria diferenças de sexo influenciando para a tomada de decisões e ações. A mulher apenas se sobressairia por ser mais inteligente, naturalmente.

Por fim, ainda tenho esperança de que esse quadro vai mudar aos poucos, mas vai demorar muito. É preciso haver acima de tudo mulheres fortes que valorizem sua própria e única beleza e que corram atrás de suas ideias utilizando seus potenciais, e de homens um pouquinho menos ignorantes a ponto de reconhecê-las e deixar elas terem na sociedade o destaque que sempre mereceram e ocupar o lugar que sempre lhes pertenceu mas nunca lhes foi dado. Tenho o brilhante privilégio de ser homem por que sei que um dia terei um exemplar de mulher nos meus braços e o tratarei muito bem, como merece. Nem quero imaginar o contrário. E a todos nós, fica a mensagem de que devemos valorizar nossa beleza, pois ela é única. Sutilmente, somos todos também vítimas dos estereótipos da Barbie e do Johny Bravo, libertar-se deles é uma grande atitude para nossa auto-estima e acima de tudo para nossa felicidade.Se estamos fora dos padrões impostos, também não é obrigação nossa segui-los. O que vale mesmo é estar de bem consigo mesmo e em paz com a própria consciência.

OBS: Muitas das idéias presentes nesse texto foram carinhosamente roubadas de Augusto Cury, da obra "O Vendedor de Sonhos - O Chamado.

6 comentários:

  1. Eu bem vi que algo tão genial não podia ser do Chico, kkkkkkkkkkkk Nossa, esse texto merecia ser publicado em algum lugar acessível a todas as pessoas; muitas não compreenderiam, mas precisariam, ao menos, ter a pequenina semente dessa visão... Parabéns, iniciou bem o ano ;)

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  2. São bonitas palavras, mais será q vc ajuda sua mãe nos deveres domésticos? Será q sb cozinhar, eh capaz de dar conta da casa a ponto d dividir os serviços com a mulher? me desculpe, mas ñ me parece ter o perfil.

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  3. Caro anônimo, geralmente quem não conhece, julga. Julgamentos sempre são perigosos, ainda mais quando são anônimos.

    Não só AJUDO como me viro sozinho com a casa, e já cuidei de crianças pequenas durante muito tempo. Agora trabalho fora o dia todo, estudo á noite e ainda assim faço o que posso.

    E mesmo que não fosse assim, sou um aprendiz e muito do que aqui escrevo serve de lição pra mim mesmo. Espero que para você também sirva. Se não servir, que ao menos aguce seu senso crítico.

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  4. Kelly, valeu pelo elogio...bebi de outras fontes para essa obra, de outros "malucos"...hehehe

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Obrigado, Mau! Uma das promessas de 2012 é postar mais, tem uma lista de assuntos aqui esperando o tempo suficiente para serem escritos...

    ABRAÇÃO

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