O Brasil vive um momento histórico e controverso. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff dividiu o país e criou um clima de insegurança, incertezas e, acima de tudo, ÓDIO. Há ódio de todos os lados, num momento em que estamos divididos entre aqueles que são contra e os que são a favor. Cada uma das pessoas que defende seu lado está entrincheirada em suas ideias e está pronta para a guerra. É comum ambos os lados verem corrupção no outro. Verem idiotice e burrice no outro. Verem cegueira um no outro. E esse ódio todo cega ambos os lados. Já vejo há tempos esse clima de guerra, onde não há tolerância nem compreensão, há muita gente querendo ter a razão e querendo esfregar na cara do outro que está certa. E assim chega-se a torcer pela desgraça, a perder o bom senso.
Esse post não serve para discutir qual dos lados está certo. Serve para questionar a divisão e, em especial, carrega uma simples e ao mesmo tempo complexa pergunta: precisamos mesmo estar divididos e competindo uns com os outros?
Já citei em diversos outros posts por aqui: não aprecio a intolerância, nem o desrespeito ou a exclusão. Acredito no amor, no bem estar geral e em um mundo utópico onde todos possam ser respeitados em suas diferenças sem serem julgados. E não consigo aceitar esse nosso espírito de guerra, embora aparentemente ele esteja intimamente ligado à nossa natureza.
A guerra faz parte da nossa história. Basta abrirmos um livro qualquer de História e percebermos que a guerra é o fator de transformações sociais. Um dos exemplos de registros históricos de guerra vem da Bíblia. Há diversos relatos dos tempos que antecederam a vinda de Jesus e também registros de acontecimentos posteriores à Sua morte. Eram tempos de guerra constante. Povos e tribos guerreavam umas contra as outras e os mais fortes possuíam todas as cidades, todas as tendas, todas as mulheres do povo vencido e faziam desse seu servo eterno. Era necessário tomar cuidado para não ser surpreendido por alguma tropa. Ao mesmo tempo, sempre se buscou conquistar novos terrenos. Desde aquele tempo o ser humano tem ânsia pelo poder. E a guerra até então é a forma mais conveniente de buscá-lo, numa estratégia muito primitiva na qual a sobrevivência é um privilégio destinado aos mais fortes.
As guerras acontecem mundo afora até hoje. Elas não envolvem mais apenas armas, bombas e espadas. Hoje em dia vivemos uma enorme guerra ideológica. Ainda temos o pensamento de nossos ancestrais e acreditamos que pessoas com pensamento diferente devem ser reduzidas ao pó. Sentimos a necessidade de sermos superiores, de impor derrotas, de castigar e torturar, de fazer o outro ser nosso servo. Somos incapazes de compreender, ouvir, somar ideias e conviver juntos apesar das diferenças. Para quase todos nós, só o enfrentamento faz a diferença. Não é à toa que tanto se fala em luta hoje em dia. E não acredito em progresso da humanidade enquanto não deixarmos de lado esse instinto tão primitivo.
Hoje estamos sendo levados a competir uns contra os outros novamente, mas no campo das ideologias políticas. Percebo pessoas se afastando umas das outras, se desaforando e se agredindo por conta de suas posições políticas. E isso nos distancia ainda mais de um ideal de mundo melhor. Afinal, sempre que houver algum tipo de divisão e enquanto houver luta, sempre vai haver alguém derrotado (isso quando não são os dois lados derrotados). Sempre que houver alguém vitorioso, haverá alguém derrotado e insatisfeito, que fará de tudo para reverter a situação. Sempre que alguém se torna opressor, haverá oprimidos. E essa mesma disputa constante está na essência do sistema. Afinal, o capitalismo se sustenta no desejo das pessoas de serem superiores e diferenciadas das demais. Quando nos posicionamos radicalmente (de um lado ou de outro), estamos a apoiar a forma como as coisas acontecem e perpetuar a estratégia de guerra.
Tenho meu posicionamento político bem definido e confesso ter meu peito tomado de ódio em diversas manifestações contrárias, em notícias e difamações publicadas. Ainda assim, procuro lutar contra esse ódio e transformá-lo em outro sentimento não tão prejudicial. Afinal, eu acredito no AMOR. Sim, pode parecer papo furado falar em amor quando o assunto é política. Mas se realmente amássemos o próximo, nunca julgaríamos alguém como melhor ou pior do que ninguém por suas diferenças. Nunca veríamos o outro como corrupto. Não tentaríamos tirar vantagem de situações vulneráveis e nem veríamos outras pessoas fazerem isso. Não colocaríamos o dinheiro como o principal critério de felicidade e não desejaríamos ter poder e sermos notados o tempo todo. O amor permite tolerar, ouvir o próximo, filtrar informações, entender comportamentos, localizar pontos em comum e a criação de objetivos que atendam a todas as diferenças.
Discordando um pouquinho de Marx, creio que o sistema vai quebrar não por luta de classes, mas com o fim das lutas, com o fim das guerras e com a união em torno de objetivos comuns a todos. Creio que viveremos um novo sistema se o amor e a ética forem nossos principais valores.
A revolução do amor pode acontecer agora mesmo. Basta que cada um de nós ao menos tente compreender o outro sem que o próprio ego machuque e tente prevalecer. Devemos tentar não ter razão o tempo todo. E devemos substituir o ódio pela tolerância e pelo entendimento e buscar no meio de tantas disputas o conforto e a paz do lugar comum. Que nossos egos não prevaleçam diante do desejo maior, quase utópico e inatingível de bem estar geral e justiça para todos.
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