quarta-feira, 20 de julho de 2011

A "imbecilização" da sociedade - PARTE X: Festas

A humanidade inteira parece seguir o mesmo roteiro de busca pela sobrevivência: buscam todos os dias o pão, e nos intervalos dessa busca, procuram o circo. A busca pelo pão terá um texto á parte, pois o que se questiona aqui é o próprio conceito de felicidade que o ser humano está construindo, as maneiras que tem encontrado de ser feliz. Tanto nos centros urbanos como no interior, sempre se aguarda com ansiedade o dia em que haverá uma festividade. Naturalmente precisamos de diversão e de bons momentos, mas mesmo nesse período estamos sofrendo invisivelmente com a banalização completa da felicidade. 

O que dizer das festividades mais aguardadas do ano? Carnaval, Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia das Mães e outros. O que outrora era um combinado momento para desfrutar do privilégio de reunir as pessoas queridas e compartilhar bons momentos passou a ser sinônimo de momento para extravasar e sair de si. Qualquer tipo de festividade precisa de um ambiente etéreo, regado a sons e músicas de péssima qualidade, cigarros, drogas, muita bebida alcoólica, relações sem sentimento algum e pessoas sem um pingo de amor próprio, que refugiam-se nesse lugares com o intuito de serem "felizes". Todos crêem firmemente que é ali que mora a felicidade, no ato de sair de sua própria consciência, de fugir de si mesmo, de cometer atrocidades e/ou tosquices sem o peso social da responsabilidade. E, pior do que isso, prejudicar o corpo e o espírito, mas contar vantagem disto diante de todo mundo, considerar que dessa forma está se cumprindo a regra social da felicidade. E não é á toa, agora a felicidade é vendida dessa forma, e comprada cegamente pela grande maioria da população. E não vale citar somente as grandes festas, pois todos os fins de semana e feriadões existem bailes e festas que seguem o mesmo caminho, que afasta cada vez mais as pessoas de um contato amigável entre si e consigo mesmas. O tempo que poderia ser investido fortalecendo laços de amor e de amizade e voltando para dentro de nosso próprio interior é substituído por uma série de imposições sociais idiotas que terão como único resultado prejudicar cegamente quem tenta cumpri-las e fazer os indivíduos promoverem uma fuga de suas próprias vidas já tão sem sentido. É como se o ser humano estivesse perdendo a capacidade de sentir, apenas consumisse. É como se a felicidade verdadeira fosse um bem de consumo encontrado diante de toda essa série de imbecilidades que só um ambiente poluído noturno pode encontrar. Aliás, nesse ambiente podemos ver uma verdadeira degradação do ser humano, algo que, parando para pensar, não faz sentido algum. Mas infelizmente ninguém tem muito tempo para pensar, não é mesmo?

E parece realmente não haver nenhuma opção saudável de escolha para o bom aproveitamento dos momentos de folga, não é? Pensar na vida e em si mesmo é algo para tolos. Ler um bom livro é coisa de CDF. Viajar é somente para os ricos.  Reunir amigos é trabalhoso e dá muita briga. Assistir TV? Talvez? Um grande método de imbecilização por si mesmo. Mas não, é melhor não parar para pensar sobre isso, dá até medo de não ter nenhum tipo de motivação para a vida sofrida a ser carregada todos os dias, não é mesmo? E se todos os funcionários desse mundo com espírito de "chão-de-fábrica" começam a trabalhar na segunda sabendo que suas "diversões" não fazem sentido, então qual seria o sentido da vida deles, já tão pobre? E quanto a quem resolve viajar, qual a percentagem de pessoas que realmente aproveita o passeio? A grande maioria o utiliza, mas uma vez, para uma fuga de sua própria vida. E o ser humano tão egoísta não permite reuniões de pessoas com frequência, visto que existe uma silenciosa disputa de egos em todos os níveis da sociedade e é horrível ter que ficar com inveja de alguém.

Porém, não quero atirar pedras em quem segue esse estilo de diversão e é "feliz" participando desse tipo de "festa". Trata-se de apenas uma parte de um poderoso e vicioso ciclo, um elo de uma corrente muito maior. A grande jogada é acabar com o amor próprio, fazer as pessoas perderem o respeito e o valor por si mesmas e promoverem sempre que podem uma fuga desesperada de si mesmas. Um ser humano distante de si mesmo não consegue estabelecer sentido algum para suas vidas, não tem senso crítico, não determina rumos, apenas segue as regras sociais, como se estivesse em uma corredeira rio abaixo. E a intenção é justamente essa, de extirpar toda e qualquer parte inteligente que o ser humano possa desempenhar, de modo que se torne com o decorrer do tempo um mero animal social, que faz praticamente tudo guiado por uma espécie de instinto, o que é lamentável. Mas, não é necessário entrar em desespero, afinal somente quem conhece ao menos alguns segundos de momentos verdadeiramente felizes sabe que a felicidade não pode ser comercializada ou banalizada de tal maneira. Ela está nas coisas mais pequenas e simples da vida. Portanto, passemos a observar mais essas pequenas coisas, a nos desprender mais do ato de consumir e saibamos ter uma vida mais pacífica, plena, distante da voraz sociedade capitalista. E principalmente, saibamos dar valor a nós mesmo, pois é o primeiro passo para possibilitar uma vida melhor e para seguir o caminho contrário de todos aqueles que involuntariamente estão se deixando serem imbecilizados...

2 comentários:

  1. Que bom q vc pensa assim. Quer dizer, há muito poucos caras q pensam assim, a maioria banaliza tudo e isso tem se estendido cada vez mais às gurias. Infelizmente, a sociedade também tem mais interesse em q as pessoas sejam imbecis que livres pra pensar. E quase ninguém se dá conta disso, acham q tão abafando, q são o máximo quando não passam de um bando de idiotas! Seria muito bom se todos se dessem conta q tanta imbecilidade só movimenta as indústrias de fermentados e balançam a auto estima, deixando uma camada de ozônio em cada ser.

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  2. Poxa, esqueci de responder esse comentário a tempo, que falta de educação!
    Mas muito boa sua colocação, hoje a maioria absoluta da sociedade está soferendo essa imbecilização sem se dar conta, e o pior é que ao fazer parte disso, acham que que os melhores, os normais, sem se darem conta de quão idiotas acabam se tornando. Pior para nós, que abrimos os olhos, nós é que passamos por loucos e idiotas.

    Obrigado pela colaboração, apareça mais vezes por aqui!
    Abraço

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