terça-feira, 31 de maio de 2016

Não se entregue pela metade

Vivemos com medo

Medo de machucar e de ser machucado
De frustrar e de se frustrar
De criar expectativas e se decepcionar
De amar e não ser correspondido
De tentar e não conseguir
De lutar em vão
De viver sem razão

Medo de andar cansado
Medo de morrer de tédio

Medo de se estressar
Medo do vazio

Medo da ansiedade
Medo da depressão

Medo do desespero
Medo da desesperança

Medo de passar vergonha
Medo de não ser notado

Medo da derrota
Medo da vitória

Medo da mudança
Medo da monotonia

Medo da luz
Medo das trevas

Medo da cegueira
Medo do que os olhos veem

Medo de voar
Medo de ficar no chão

Medo de ficar sem dinheiro
Medo de ter dinheiro e não ser feliz

Medo de Deus
Medo do mundo

Medo do céu
Medo do inferno

Medo dos pais
Medo dos filhos

Medo do frio
Medo do calor

Medo do cão
Medo do gato

Medo de namorar
Medo de levar um fora

Medo da admiração
Medo da repressão
Medo da indiferença

Medo da fome
Medo da obesidade

Medo de sair
Medo de ficar em casa

Seja lá o que fizermos (ou deixarmos de fazer) em nossas vidas, sentiremos medo.
Se o medo é inevitável, arriscar é a opção mais óbvia e sábia. 
Por que não arriscamos? Por que não caímos de cabeça naquilo em que acreditamos?

Sempre que não nos entregamos e não apostamos todas as nossas fichas, nos preparamos para o pior. Garantimos uma reserva para a iminente derrota. Evitamos uma ferida muito grande ou um fracasso terrível. Mas deixamos também de viver inúmeras (e maravilhosas) possibilidades. Quando é que aprenderemos a acreditar mais no sucesso do que no insucesso?

Até quando iremos nos poupar em nossos sonhos e ideais? Até quando vivermos na retaguarda, preferindo o conforto e não o confronto? Até quando declararemos a nós mesmos que não queremos mais nos machucar e deixaremos de investir no que queremos? Até quando vamos nos iludir acreditando que é possível fugir da dor e do medo?

A bem da verdade, maior dor que se frustrar, que ser derrotado ou se machucar é ficar na caverna escura e confortável da sua existência, sem sair para fora a fim de ver a luz. 

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