A tendência maior de todo o ser humano dessa era é estabelecer as verdades universais. Dois mais dois sempre serão quatro. Certamente o Sol estará brilhando amanhã, e com certeza existirá um amanhã. Certamente já aproveitamos os suficiente de nossos potenciais, e é a mais pura verdade que o céu é azul. Nascemos com muitas certezas e respostas prontas na vida, e ganhamos prontinha a noção de "verdade" e de "mentira".
Mas considero um grandioso crime contra nossas capacidades mentais estabelecer verdades. Elas não permitem enxergar a complexidade do Universo e reduzem a nada a imensidão que representam a vida e o amor. Isso tudo fruto de uma sociedade doentia onde deve-se agir mais e pensar menos e onde jamais devemos explorar nossas capacidades a não ser as mecânicas.
E a mentira? Como defini-la simplesmente como o contrário da verdade, se o próprio termo "verdade" é duvidoso? Para haver "verdade" e "mentira" é necessário estabelecer julgamentos sobre todas as coisas. Mas que direito temos nós, seres humanos, de querer enquadrar o Universo inteiro dentro de leis e regras e condenar á mentira tudo o que não se encaixar nesses padrões pré-estabelecidos? Que direito nos é reservado eticamente de fazer julgamentos? Por que raios devemos dar nomes e características de todas as coisas e definir o que é verdadeiro e o que é falso a partir de nossos princípios? E como fica a questão da diversidade de pensamentos? Nenhum ser humano enxerga a "realidade" da mesma forma, são diferentes realidades. Como podemos dizer que algo é mentira, quando na verdade o ser humano jamais teve o direito de ser dono da verdade?
A divisão de valores entre verdadeiro e mentirosos deve ser feita tão somente em nosso interior, no âmago de nosso espírito, considerando tão somente os nossos valores, e nosso julgamento interior sobre a mentira e a verdade jamais deve se estabelecer como regra. Já estamos cheios demais de regras, precisamos de liberdade para esquecer que a mentira ou a verdade existem. Na verdade, elas não existem mesmo. A mentira só existe quando optamos por enganar a nós mesmos, e ainda assim ela se torna uma verdade dentro de nós. Nós, seres humanos, temos o péssimo hábito de nos considerarmos donos da verdade, seguidores de verdades absolutas, esquecendo que a vida é muito mais do que isso...
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