terça-feira, 20 de setembro de 2016

Ser morno é uma merda

Infelizmente, há certos aprendizados na vida que demoramos a ter. Um dos que estou tentando aprender (ainda na marra) é o de que não podemos ser mornos nessa vida. Ou somos quentes, ou totalmente frios. Ou nos entregamos, ou não investimos. Ou tomamos partido, ou não tomamos. Ou somos A ou somos B. Se A ou B não nos representam, então devemos ser C. Temos o direito de estarmos totalmente perdidos, mas admitir isso também é um posicionamento.

Ruim mesmo é quando a pessoa fica em cima do muro sempre. Quando ela não quer tomar decisões. Quando ela não confronta pessoas, apenas concorda com todo mundo. Não toma posicionamento sobre coisa alguma. Vai sempre na direção do vento e muda de opinião sempre que quer agradar a si mesmo. Não enfrenta desafios (nem grandes nem pequenos), pois é enormemente covarde. Quando não move um centímetro sequer para alcançar novos rumos, pois tem medo de errar ou passar vergonha. Ser criticado por alguém é algo impensável para uma pessoa morna.

Outra característica marcante do morno é acreditar que todo mundo está equivocado, menos ele. A posição morna aparenta ser sempre a mais sábia. A covardia de assumir posições e responsabilidade faz o morno fugir de desafios. Quando a vida traz provas e dificuldades, o morno se encolhe, reduz ainda mais seu campo de visão a respeito do mundo e começa a procurar culpados para que tal situação aconteça. E, pior, a pessoa morna não enfrenta desafios. Enfrentá-los significa tomar posicionamentos, decidir o que fazer, é derrotar algo. Um morno detesta pensar em derrotados, especialmente quando pensa que ele mesmo pode estar sempre equivocado. 

Assim, um sujeito como esse está sempre angustiado, ansioso, nervoso, depressivo e se sentindo uma bosta. Claro, sua consciência já não aguenta mais viver tamanha passividade, tanta indecisão, tanto meio-termo. As dificuldades são vistas exclusivamente como castigos da vida, dos quais o sujeito morno usa como argumentos para se vitimizar.  O orgulho é tão grande em uma pessoa morna que ela nunca se permite estar em evidência, evoluir, tomar partido, enfrentar o que não considera correto. Afinal, ter posicionamento e senso crítico exige um preço que a pessoa morna não está disposta a pagar. Mal sabem os mornos que isso não agrada ninguém e faz um mal danado a si mesmo. É uma ilusão acreditar na possibilidade de agradar a todos. 

Mudar esse comportamento é um grande desafio. E pessoas mornas odeiam desafios. Eis o segredo: ir direto para a luta. Nada mais gratificante do que escolher objetivos para a vida, ter noção dos desafios que esses objetivos representam e mesmo assim enfrentá-los com determinação, embora não sem esforço, sem sofrimento, sem lágrimas... tudo aquilo que conquistamos com esforço e determinação é verdadeiro. Ao tentarmos viver uma vida morna, resta-nos o infinito vazio. Que saibamos o que queremos ser, que amigos e relacionamentos queremos ter, que posição social e financeira queremos, qual bandeira queremos carregar e, principalmente, que lutar não implica necessariamente em derrotados, mas sempre conta com vitoriosos. 

Caso você não seja uma pessoa morna, mas precise conviver com algumas delas, adquira o hábito de desafiá-las. Mostre que não há vantagem alguma em ficar em cima do muro. Elogie-a inclusive se ela ficar contra você. Mas faça um morno sair do muro e encarar a vida. Mostre pra ele que há uma vida cheia de cor e de conquistas para quem decide lutar pelo que quer. Não se aproveite dela nem a discrimine. Desafie-a e você conquistará a sua confiança, ainda que tardia. Não aceite o meio-termo em sua vida. Pode doer, mas vale a pena.

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