Dentre todas as formas de padronização e imbecilização de seres humanos por aqui já citadas, há uma outra de grande influência, presente com força cada vez maior na nossa sociedade: a sexualidade. Talvez seja essa a forma mais antiga e mais fácil de banalizar uma sociedade inteira, agindo diretamente em seus instintos.
Em tempos mais remotos, os homens mais jovens eram impedidos de manter relações sexuais, para que seus ímpetos fossem unicamente destinados á guerra. O próprio Cristianismo Católico Apostólico Romano nunca aceitou desde o princípio que seus celebrantes fossem "impuros" ou mantivessem famílias. Pensava-se em dois aspectos. O primeiro deles é de que o sexo desgasta muito a energia de qualquer pessoa e até mesmo os pensamentos e a consciência dela ficam a todo o tempo ligados à pensamentos sexuais, o que teoricamente a prejudica. O segundo deles é de que o sexo aproximava demais uma pessoa de outra, era o elo de ligação que permitia a um homem que constituísse família, tivesse suas ligações afetivas, o que não era nada bom quando se precisava de pessoas entregando suas vidas nas guerras. Um pai de família pensa duas vezes antes de arriscar, mas e quem não tem família? E quem não tem nenhuma ligação afetiva com ninguém? Por muito tempo o sexo foi condenado pela própria Igreja Católica, reza a lenda que o homem e a mulher penetravam-se somente uma vez por ano, tapados com lençóis com buracos específicos, e não podiam demonstrar prazer. Era somente para critério de reprodução da espécie humana. Por outro lado, sabemos que desde o antigo Egito havia promiscuidade sexual, e que as prostitutas já existem há vários séculos. Mesmo o Carnaval surgiu quase oitocentos anos antes do nascimento de Cristo, e representava um dia em que a população inteira podia montar em carros alegóricos sem roupa e fazer o que quisessem. Ou seja, o sexo é encarado ou como pecado ou como fonte maior de prazer e de promiscuidade, sem no entanto desempenhar sua verdadeira função, que não era somente a de manter a espécie ou de ter momentos de prazer, e sim a ligação afetiva e amorosa que está se estabelecendo entre dois seres. Essa ligação, que posteriormente origina novas famílias, é tudo o que os governantes não querem, pois a familia é a mais forte instituição social, e como tal é melhor dominada e imbecilizada quando enfraquecida ou inexistente.
Mas os tempos passaram, e notou-se que era muito mais fácil controlar as pessoas tornando o sexo como algo banal e liberado para prazeres momentâneos do que mantê-lo como uma heresia, tal e qual sempre pregou a Igreja. A tendência da própria igreja é a de derrubar o celibato. Hoje o que mais se vê é a própria mídia incentivando o sexo já entre pré-adolescentes, moldando os padrões que seus cidadãos seguirão. AS novelas, os filmes, programas de auditórios e até telejornais (lembra do SBT Notícias Breves? Um flash de notícias que tinha duas apresentadoras com belas pernas...) apresentam conteúdo cada vez mais apelativo sexualmente a publicidade está recorrendo á sexualidade para vender mais, os desenhos animados infantis já apresentam a idéia, as músicas possuem letras picantes, as roupas possuem designs que favorecem cada vez mais a atração física entre um e outro, tudo isso para moldar todo o comportamento que os cidadãos terão diante do sexo. Ou seja, promiscuidade total, não há mais ligações afetivas determinadas por meio do sexo, este passou a ser superficial e serve tão somente para suprir o corpo de um pouco de prazer, um prazer que para a maioria das pessoas é o único que existe. Hoje em dia até mesmo se discute sobre detalhes da vida sexual em grupos, justamente para se contar vantagem uns sobre os outros, entrando aí até mesmo a questão do status. Deve-se mostrar para os outros que fazemos muito sexo, que se é bom de cama, etc.
Além disso, há uma grande e lucrativa indústria destinada ao sexo. Podemos citar não só os prostíbulos como também todas as revistas, filmes, fetiches sexuais, cosméticos, remédios, anticoncepcionais e outros. Vamos destacar as revistas e os filmes eróticos, para que servem eles senão como meros padronizadores de sexo? Afinal, não ficam tanto os homens com as mulheres desejando ter as mesmas performances e os mesmos corpos na vida real? Não ficam eles desejando ter tanto prazer quanto se demonstra (falsamente) nessas mídias? Eis uma forma de tornar as pessoas insatisfeitas, em especial com seus corpos...
Com tudo isso, é possível concluir que precisamos orientar nossa vida de tal maneira que o sexo não seja a coisa mais importante, que há inúmeros outros prazeres que nossa planeta (e nós mesmos) podemos nos proporcionar. Também não se deve carregar essa idéia de que fazer sexo é uma regra social obrigatória à qual é necessário se jogar de cabeça. Que há de errado em se optar por não praticá-lo, ao menos não tão banalmente? E não seria muito melhor estabelecer a relação sexual como uma ligação afetiva, um elo amoroso, algo que precisa ser levado a sério? Saibamos sair, também em relação ao sexo, do círculo vicioso da superficialidade, saibamos estabelecer com as pessoas relações mais sérias e mais profundas, de modo a fortalecer a nós mesmos e a sociedade como um todo. E principalmente, jamais julguemos uma pessoa de acordo com a vida sexual que ela aparenta ter, não se deve julgar quem opta por não tornar o sexo uma trivialidade. Também não devemos julgar as pessoas pelo fato de seus corpos não terem o padrão sexual difundido. Devemos explorar muito melhor o que o ser humano possui, internamente sua riqueza pode ser muito maior...
Muito, muito bom!! Mais uma vez, sua visão é estendida, consegue ver além do que a maioria e alarga meus horizontes! Esse vai pros meus TT's :D
ResponderExcluirbeijo!
Valeu pelo elogio e pela citação no Twitter..
ResponderExcluirE a trilogia "Imbecilização da Sociedade" está cada vez mais longe de ser uma TRIlogia...rsrsrsrsrs
bjo